4 Pontos chave para começar um negócio de food delivery

Olhámos de uma forma geral para o modelo de negócio de entrega de comida, para obter uma compreensão clara do mercado e da sua dinâmica. Mas antes de qualquer empreendedor se lançar numa aventura gastronómica, deve saber estes 4 pontos chave do negócio de food delivery em Portugal.

 

Encomendar comida para comer em casa ou no escritório não é uma ideia de negócio nova. No entanto, nos últimos anos, com a evolução da tecnologia e aceleração do ritmo de vida, temos visto em todo o mundo, incluindo Portugal, o food delivery a crescer. E tudo indica que os números continuarão a ser muito positivos num futuro próximo.

Devido às novas plataformas de food delivery e facilidade de construção de websites de e-commerce para produtores de comida, o modelo de restaurante tradicional, com enormes custos associados (espaço para serviço, custos com empregados, etc.), está a ser repensado, e quem quer entrar no negócio da restauração começa já a pensar em primeiro lugar em atacar a fatia do mercado de food delivery.

1. Perceber os sinais da procura do food delivery em Portugal

Em muitos outros negócios, começamos primeiro por estudar o nosso mercado-alvo e respectiva localização. Mas, por estarmos a falar de gastronomia, cada empreendedor tem um segmento de mercado para o qual está mais inclinado, com mais conhecimento e experiência. Há quem se especialize em comida saudável, outros em comfort food. Não faz sentido para um cozinheiro vegan abrir um negócio de picanha, como também não faz sentido um amante de carne abrir um negócio vegetariano. Podem fazê-lo, mas dificilmente conseguirão competir com outros players com mais conhecimentos.

Escolher o mercado alvo é importante

Este ponto chave para o negócio de food delivery facilita a nossa análise. Para o segmento de mercado que escolhemos, vamos analisar o mercado-alvo da localização onde pretendemos operar. Após esta análise, devemos adaptar o nosso menu e os pacotes a criar. Por exemplo, um negócio de comida orgânica, pode querer “atacar” o mercado empresarial fornecendo comida pronta e individual para almoços em escritórios. Por outro lado, se operar numa zona mais residencial, pode preparar menus familiares para serem entregues congelados com periodicidade semanal. Ou ainda, se tiver capacidade de otimização operacional e uma vantagem geográfica, pode tentar atacar estes dois segmentos.

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Quando adaptamos o nosso menu às necessidades de nosso mercado-alvo, garantimos uma maior fidelização e um constante fluxo de encomendas.

Escolher nichos de mercado

Mas podemos, e devemos, aprofundar ainda mais, analisando o nosso segmento-alvo para procurar nichos de mercado. Um nicho de mercado permite-nos ter uma maior diferenciação dos nossos concorrentes, tornando-nos um especialista desse nicho, aumentando a confiança por parte dos nossos clientes-alvo. Dando o exemplo do Green Burguer, que produz hambúrgueres: como este segmento de mercado está maduro, com vários players no mercado, o Green Burguer decidiu escolher o nicho dos hambúrgueres de carne biológica ou vegetarianos. Desta forma, consegue diferenciar-se de grandes cadeias de hambúrgueres, vendendo produtos de melhor qualidade, para um mercado-alvo mais consciente e preocupado com a proveniência dos ingredientes.

Planear a operacionalização

A melhor coisa num negócio de food delivery são os baixos custos de investimento inicial necessários, ao contrário de um restaurante tradicional. Alugando uma cozinha industrial já com equipamento incluído, apenas será necessário comprar alguns utensílios ou equipamento de acordo com a especificidade de cada negócio.

A escolha do material necessário é feita depois de analisarmos o nosso mercado-alvo e, de acordo com os nossos clientes potenciais, criarmos o menu e ofertas de serviço.

É com base na nossa oferta que vamos obter as nossas necessidades de material e pessoal, que são importantes para podermos fazer um plano de negócios.

É difícil chegar às pessoas, mas assim que estas provarem e gostarem, a fidelização neste segmento de mercado de comida caseira é grande e o resultado final será uma boa quantidade de clientes satisfeitos.

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2. Fazer um plano de marketing para food delivery

O marketing serve para chegarmos aos nossos clientes e convencê-los de que devem escolher a nossa comida, em detrimento da um nosso concorrente. O plano de marketing serve para organizarmos o nosso trabalho tendo em conta o objectivo final: vender.

Muitas vezes confunde-se o marketing com redes sociais ou com anúncios. O marketing serve para ajudar a gerir uma empresa e para que esta seja proativa e não reativa a comercializar os seus produtos.

O plano de marketing vai servir, entre outros, para definir:

  • preços dos produtos,
  • que tipo de serviço queremos prestar,
  • que promoções queremos fazer,
  • o nível da qualidade de ingredientes a utilizar na produção,
  • que plataformas de food delivery utilizar,
  • outros canais alternativos de entrega,
  • outras fontes de receita
  • outros segmentos de mercado

Simultaneamente, o nosso marketing irá ajudar-nos a criar uma marca ou um perfil empresarial atraente para os nossos clientes-alvo e formas de retenção de clientes.

Podemos tentar chegar aos nossos clientes-alvo de várias formas, desde word of mouth, anúncios no Google ou Facebook, folhetos nas casas ou escritórios ou até um anúncio na TV. Aqui o mais importante é percebermos que podemos ter a melhor comida do mundo, mas se não conseguimos angariar clientes, essa comida nunca sairá da panela.

Resumindo, o plano de marketing irá definir o nosso posicionamento no mercado.

3. Fazer um plano de negócios para food delivery

Alguns pequenos empreendedores acham que, por estarem a começar e serem tão pequenos, não precisam de um plano de negócios. É justamente por estarem a começar e serem pequenos que precisam de um.

É o plano de negócios que vai revelar a possível rentabilidade futura do negócio e se valerá a pena o investimento, mesmo que baixo em termos financeiros e grande em termos de tempo. O plano de negócios, para além de englobar o plano de marketing e incorporar os respectivos custos, vai também analisar o plano de operacionalização, que inclui os seguintes valores:

  • Custos operacionais, como o custo de embalagens e ingredientes.
  • Custos fixos, como renda e pessoal.
  • Receita das vendas.
  • Outras receitas.

Durante a operação, é com a ajuda do plano de negócios que podemos verificar se estamos a crescer ou a perder dinheiro.

Resumindo, um negócio de food delivery pode ser altamente lucrativo, mas também pode correr mal. Um plano de negócios irá ajudar-nos a percebermos a nossa realidade no momento da tomada de decisões.

4. Implementação dos planos

Uma das grande dificuldades em montar um restaurante é que um empreendedor, na fase inicial, precisa de perceber um pouco de tudo, desde gastronomia, obras, manutenção de equipamentos, regras HACCP, etc. Todas estas questões laterais são distrações que nos fazem perder o foco do que realmente importa: fazer boa comida e vendê-la aos nossos clientes.

Qualquer empreendedor com experiência sabe que, por muito bons que sejam os planos, há muita coisa que irá variar. O mercado oscila. Imprevistos surgem. Mesmo assim, sabem da importância dos planos e de os seguir com bom senso.

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Há uma coisa que não conseguimos controlar: as vendas. Não dependem de nós, mas dos nossos clientes, da meteorologia, da época do ano, etc. Mas podemos estimular a procura, com boa promoção, fomentar a retenção de clientes e a compra repetida, prestando um bom serviço e fornecendo comida que vá ao encontro das expectativas, mas acima de tudo os nossos custos podem, e devem, ser controlados com o máximo rigor. É fácil, na fase de implementação, pelo cansaço e um sem número de situações e informações que não dominamos, tomarmos decisões erradas que poderão ter custos num futuro próximo. Por isso vemos grandes empreendedores que, por mais obcecados que pareçam, seguem sempre o plano com grande confiança. Porque têm os olhos colocados no objectivo final e não em pequenos problemas de implementação.

Conclusão

Conveniência e flexibilidade são duas coisas que as pessoas hoje em dia exigem de qualquer empresa, e das de food delivery ainda mais. A principal oferta de um negócio de food delivery online é a facilidade, comodidade e rapidez. É por isso que vemos este mercado crescer cada vez mais em valor, em parte roubando uma fatia grande aos restaurantes tradicionais.

Para quem sempre quis começar um negócio na área da gastronomia, a cozinha nunca esteve tão quente.